segunda-feira, 6 de agosto de 2012

O Império Romano (27 a.C. - 476 d.C.)
As lutas políticas internas levaram ao poder Otávio (27 a.C.-14 d.C.), primeiro imperador romano. Desgastados pelas disputas internas e externas, os aristocratas romanos e o povo apoiavam a instalação de um governo forte, que estabilizasse a política e a economia de Roma.
O poder concentrou-se nas mãos de Otávio, com ampla aceitação nas diversas camadas da sociedade romana. Otávio recebeu vários títulos concedidos pelo Senado, ampliando seus poderes, entre eles o Augusto (sagrado), Princeps Senatus (principal do senado), Imperador (comandante supremo do exército), Pontífices Maximus (sacerdote máximo), Pater Patriae (pai da pátria) etc. Seu governo destacou-se pela preocupação com a estabilidade interna e externa do Império.
 Somando tantos poderes, Otávio Augusto tornou-se, na prática, rei absoluto de Roma. Mas não assumiu oficialmente o título de rei. Permitiu que as instituições republicanas, principalmente o Senado, continuassem sobrevivendo na aparência.
 Durante seu longo governo, Augusto promoveu uma série de reformas sociais e administrativas. Incentivou a agricultura, o comércio e a indústria, construiu obras públicas que geraram empregos, fortaleceu a vigilância das fronteiras do Império, criou a guarda pretoriana para a sua proteção pessoal e estimulou as artes. O imenso Império passou a desfrutar um período de dois séculos de relativa paz e segurança, conhecido como Pax Romana (Paz Romana).
  A prosperidade romana conseguida com as conquistas modificou profundamente o comportamento político de patrícios e “Homens Novos”, que desejavam usufruir de seus bens, preocupando-se apenas com o próprio prazer, dando plenos poderes a Otávio.
 Augusto fez uma reforma social, dividindo as pessoas em grupos, de acordo com a sua riqueza. Os plebeus ricos ficavam no mesmo grupo social dos patrícios. Para a massa de plebeus pobres, havia o serviço militar por vinte anos e a possibilidade de receber, depois, terras nas províncias. Restava ainda um grande número de desempregados. A eles se oferecia a política de “pão e circo”, ou seja, distribuição de pequena quantidade de trigo e espetáculos de luta entre gladiadores, entre homens e feras etc.
 No final do século I, o Império Romano atingiu sua máxima extensão; já tinha conquistado toda a Itália e muitos outros territórios da Europa, do norte da África e do Oriente Médio. Para protegê-lo, estenderam-se guarnições militares ao longo das fronteiras. Além de tropas, deslocou-se também um grande número de funcionários para essas regiões.

O Império Romano em sua maior extensão, no século II.
 Os séculos I e II foram notáveis, em especial pelas construções feitas em Roma e outras cidades e pelo grande desenvolvimento da arte e da literatura. A cultura romana – suas leis, seus costumes, sua língua e seus templos – espalhou-se pelas províncias, principalmente européias.
 Após a morte de Augusto, em 14 d.C., o período imperial costuma ser dividido em dois períodos: alto império e baixo império.
Alto Império (27 a.C.-235)
Sucederam a Augusto, até o fim do século II, quatro dinastias de imperadores:
Dinastia Júlio-Claudiana (14-68): com os imperadores Tibério, Calígula, Cláudio e Nero. Essa dinastia esteve ligada à aristocracia patrícia romana. A principal característica dessa fase foram os constantes conflitos entre o Senado e os imperadores.  
Com a morte de Nero, os exércitos de fronteira passaram a requerer o direito de opinar na sucessão imperial, privilégio até então da guarda pretoriana.
Em meio às revoltas militares, Roma teve em um ano três imperadores:
Galba, indicado pelo exército da Espanha, Otão, indicado pela guarda pretoriana e Vitélio, indicado pelo exército do Oriente.
Dinastia Flávia (68-96): com os imperadores Vespasiano, Tito e Domiciano. Esteve ligada aos grandes comerciantes. Os imperadores dessa dinastia, apoiados pelo exército, submeteram totalmente o Senado. Nesse período, os romanos dominaram a Palestina e houve a dispersão (diáspora) do povo judeu. Governos relativamente tranquilos em que se verificou um reequilíbrio da economia e das instituições.
Dinastia Antonina (96-193): com Nerva, Trajano, Adriano, Antônio Pio, Marco Aurélio e Cômodo, Roma conheceu um período de grande prosperidade, pois os imperadores dessa dinastia, exceto o último, foram excelentes administradores. Adotaram uma atitude conciliatória em relação ao Senado. Roma jamais voltou a conhecer um período de esplendor como este.
Após o assassinato de Cômodo, último dos Antoninos, aumentou a luta pelo poder, da qual participavam os militares, que queriam o título de Imperador. Esse período, que caracteriza todo o século III, é denominado Anarquia Militar.
Dinastia Severa (193-235): com Sétimo Severo, Caracala, Heliogábalo e Severo Alexandre, caracterizou-se pelo início de crises internas e pressões externas, exercidas pelos bárbaros, prenunciando o declínio do Império Romano, a partir do século III da era cristã.
Baixo Império (235-476)
Em 235, iniciou-se um longo processo que se estenderia pelos dois séculos seguintes e culminaria com a desagregação de grande parte do Império Romano. As principais características desse processo foram:
As crises políticas, já que não havia um critério definido de sucessão para o trono. Muitas vezes, a sucessão era marcada por guerras entre os generais mais poderosos;
O colapso do sistema escravista, causado pelo fim das guerras de conquistas a partir do governo de Adriano (117-138). Com o término das conquistas, perdeu-se a principal fonte de mão de obra escrava, os prisioneiros de guerra;
Os problemas econômicos: para pagar suas despesas, o governo era obrigado a aumentar os impostos e a emitir dinheiro, gerando inflação e descontentamento;
As dificuldades para proteger e manter as inúmeras fronteiras do Império. Sem dinheiro para pagar os soldados, extensas áreas ficaram desprotegidas, o que facilitou a invasão de povos inimigos, sobretudo os de origem germânica;
A difusão do cristianismo, que pregava valores contrários à manutenção do trabalho escravo e à divinização dos imperadores.
Todos esses aspectos provocaram o enfraquecimento do comércio e da produção em todo o Império. Aos poucos, a população abandonaria as cidades para se abrigar no campo, onde encontraria maior proteção contra a invasão de povos inimigos, chamados “bárbaros” pelos romanos.
Tentativas de reformas
Ao longo do Baixo Império, os imperadores tentaram introduzir reformas para superar a crise.
Diocleciano (284-312), ao assumir o trono, criou uma nova forma de governo, exercida por quatro generais, à qual denomina-se Tetrarquia. Com isso, Diocleciano pretendia evitar as disputas por ocasião da sucessão e facilitar a defesa dos territórios. Esse sistema de governo, entretanto, não se consolidou, a tetrarquia foi abandonada por seus sucessores, e as guerras de disputa pelo poder voltaram a agitar o Império.
No reinado de Constantino (313-337), este restabeleceu o poder centralizado e também efetuou reformas. Através do Edito de Milão, concedeu liberdade religiosa aos cristãos. Após promover a reunificação do Império, transferiu a capital de Roma para Bizâncio, situada mais ao oriente, que passou a ser chamada Constantinopla.
Mais tarde, o imperador Teodósio (378 a 395), promoveu ainda outras medidas para contornar a crise. Em 391, instituiu o cristianismo como religião oficial do Império. No âmbito administrativo, realizou, em 395, a divisão do Império em duas partes, uma no Ocidente, com capital em Roma, e outra no Oriente, sediada em Constantinopla.
Com a morte de Teodósio, o Império foi dividido entre seus dois filhos: a parte mais desenvolvida foi dada a Arcádio, com capital em Constantinopla; a parte decadente ficou para Honório, com capital em Roma.
A fragmentação do Império
No Ocidente, o poder central mostrava-se impotente para conter as sucessivas invasões das fronteiras por outros povos, que passaram a controlar extensas regiões do Império Ocidental.
Entre os séculos IV e V, a situação se agravaria com a chegada dos hunos à Europa. Temido por sua habilidade na guerra, esse povo, vindo da região central da Ásia, provocava pânico entre os germanos, que invadiam o Império para fugir de seus ataques.
Em 476, após inúmeras invasões e acordos dos germânicos com o Império Romano do Ocidente, Odoacro, rei dos hérulos, destronou Rômulo Augústulo, último imperador romano. Com esse ato, desintegrava-se o Império Romano do Ocidente, em cujo território surgiria diversos reinos germânicos.
Enquanto isso, o Império Romano do Oriente, ou Império Bizantino, ainda que também enfrentando muitas invasões, conseguiria manter-se por quase mil anos, até 1453, quando seria conquistado pelos turcos.
Crise final e desaparecimento do Império Romano do Ocidente
A partir do século III, o Império Romano atravessou várias crises, que acabaram por provocar sua decadência e, finalmente, sua desintegração.
Principais causas dessa decadência:
Crise econômica: a economia baseada no latifúndio escravista entrou em decadência com o fim das conquistas, pois tornou-se difícil e cara a aquisição de escravos. Muitos trabalhadores livres e até escravos foram fixados como colonos nas grandes propriedades.
Descontentamento com os altos impostos: para sustentar o grande número de funcionários e militares, necessários em território tão extenso, era preciso muito dinheiro, que era arrecadado do povo. Esse mesmo dinheiro também sustentava o luxo e a corrupção dos governantes.
O quase desaparecimento da moeda romana: como a produção diminuiu, faltavam produtos para vender; assim, as importações aumentaram e, em consequência, grande quantidade de moeda saía e não voltava.
Desorganização política e militar: a disputa pelo poder, a corrupção e o descuido com a administração eram constantes. Cada exército obedecia mais a seu general do que ao imperador. Além disso, o assassinato de imperadores era frequente.
As invasões dos bárbaros: inicialmente, eles penetraram no território do exército. No século IV, grupos armados de bárbaros foram vencendo os romanos, até derrotá-los definitivamente em 476.
O século V marcou a decadência definitiva da parte ocidental do Império. Entre os fatores que provocaram a queda de Roma, podem ser citados: a deterioração da economia da Itália, as lutas internas, a fuga de capitais para o Oriente, a corrupção administrativa e, para dar o golpe de morte, a invasão dos bárbaros.
 Em 476, quando era imperador Rômulo Augusto, a capital do Império Romano do Ocidente caiu nas mãos dos bárbaros, chefiados por Odoacro.
 O Império Romano do Ocidente chegou ao fim com as invasões bárbaras. Em 476, os hérulos (povo bárbaro) chefiados por Odoacro, invadiram Roma e depuseram o último imperador do Ocidente, Rômulo Augústulo. A queda do Império Romano do Ocidente marcou o fim da Antiguidade e o início da Idade Média.
 O Império Romano do Oriente durou ainda quase mil anos, até 1453, quando Constantinopla foi tomada pelos turcos otomanos. Esse fato marcou o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna.  


Roma - Período Republicano.


A República Romana (509 a.C. - 27 a.C.)
Durante o período republicano, Roma, em apenas três séculos (IV, III e II a.C), de uma pequena cidade transformou-se no maior império da Antiguidade. Os romanos iniciaram suas conquistas pela própria Península Itálica. No século III a.C., toda essa região já havia sido dominada. Roma começa, então, uma série de guerras, que culminam com a conquista de todas as terras que circundam o mar Mediterrâneo. 
Dois fatos importantes marcaram o período republicano de Roma: a luta dos plebeus para conseguirem igualdade de direitos com os patrícios e a formação do grande Império Romano, através das conquistas militares.
 O Poder na República Romana
Com a instalação da República, os patrícios romanos montaram toda uma organização social e administrativa para exercer domínio sobre Roma e desfrutar os privilégios do poder. Eram eles que controlavam a quase totalidade dos altos cargos da República.
Organização Política:
Consulado: composto por dois cônsules, que tinham mandato de um ano e eram escolhidos pela Assembleia Centurial. Deveriam ser patrícios e referendados pelo Senado. Desempenhavam as funções de chefes de Estado.
Ditadura: na época de guerra, os cônsules eram substituídos por um ditador. Os ditadores eram escolhidos para um mandato de seis meses (sem renovação), com plenos poderes em caso de graves crises.
Senado: na República, continuou a ser o mais importante poder de Roma. Formado pelos velhos patrícios com mandato vitalício; era a base do poder aristocrático, responsável pela nomeação de magistrados e embaixadores, controlava as finanças e decidia pela guerra.
Assembleia Centurial: era integrada pelos militares, agrupados em centúrias (unidades do exército). Composto por patrícios e plebeus, votava as leis que vigoravam em Roma, elegiam os censores, os cônsules e os pretores, além de resolver as apelações de cidadãos contra as decisões dos magistrados. As centúrias patrícias eram em número superior às centúrias plebeias.
Assembleia Curiata: cuidava dos assuntos religiosos, possuía relativa importância na época monárquica, durante o período republicano conservou somente funções honoríficas.
Além dos cônsules, a Assembleia Centurial elegia vários magistrados, que, em geral, tinham mandato de um ano. Os principais cargos da magistratura eram:
Pretores: administravam a justiça.
Censores: recenseavam a população pelo critério de riqueza e zelavam pelas tradições.
Questores: administravam as finanças e cobravam os impostos.
Edis: cuidavam da conservação da cidade.
Pontífice: chefiava os cultos religiosos.
 Uma nova magistratura foi instituída mais tarde, o Tribunato da Plebe, que surgiu no auge dos conflitos sociais entre patrícios e plebeus. Representando os plebeus, os tribunos conquistaram o direito de veto às decisões do Senado.
Organização Social:
No início da República, a sociedade romana estava dividida em quatro agrupamentos sociais:
Patrícios (aristocracia rural) que detinham todos os cargos políticos. Os clientes (não proprietários que, para sobreviver, colocavam-se a serviço de um patrício), plebeus (camponeses, comerciantes e artesãos), compunham a maioria da população. Não tinham direito de participar das decisões políticas, entretanto, tinham deveres a cumprir: lutar no exército, pagar pesados impostos etc. e os escravos.  
A luta da plebe
 A grande desigualdade de direitos entre patrícios e plebeus provocou uma série de lutas sociais em Roma. Que durou cerca de dois séculos.
 A primeira revolta foi em 494 a.C., quando os plebeus ameaçaram fundar outra cidade, no Monte Sagrado. Para retornar ao serviço militar romano, os plebeus fizeram várias exigências aos patrícios. Por exemplo: deveria ser criado um Comício da Plebe, presidido por um tribuno da plebe. A pessoa do tribuno da plebe seria inviolável. Ele teria também poderes especiais para cancelar a aprovação de quaisquer decisões do governo que prejudicassem os interesses da plebe. Em 470 a.C., os plebeus conseguiram que os patrícios reconhecessem a autoridade dos tribunos da plebe. Até aproximadamente 300 a.C., os plebeus continuaram sua luta e foram conquistando direitos que lhes garantiam igualdade com os patrícios perante a lei.
Principais conquistas da plebe:
471 a.C. – criação do cargo de Tribuno da Plebe. Composto por dois tribunos, cujas decisões eram tomadas visando à defesa dos interesses da plebe. Os principais tribunos da plebe foram os irmãos Graco (Tibério e Caio). Em vão procuraram solucionar a angustiosa situação da classe baixa, dando-lhe terras para que pudesse produzir e viver decentemente. Os dois, no entanto, foram perseguidos e mortos pelos senadores, que eram os grandes latifundiários romanos.
450 a.C. – os plebeus conseguiram que fossem elaboradas as primeiras leis escritas; foram as Leis das Doze Tábuas (leis gravadas em pranchas de bronze);
445 a.C. – Lei Canuléia: permitia o casamento entre patrícios e plebeus. Mas na prática só os plebeus ricos é que conseguiram casar-se com patrícios.
366 a.C. – Lei Licínia: proibia a escravização por dívida (muitos plebeus tornaram-se escravos dos patrícios por causa de dívidas que não conseguiam pagar) e garantia direito à posse das terras públicas nas regiões conquistadas;
362 a.C. – eleição dos magistrados plebeus. Os plebeus foram conseguindo, lentamente, ter acesso às mais diversas magistraturas romanas. Em 336 a.C. foi eleito o primeiro cônsul plebeu, que era a mais alta magistratura.
286 a.C. – conseguiram que as leis aprovadas na Assembleia da Plebe (plebiscito) fossem obrigatoriamente obedecidas por todos.
As diversas conquistas dos plebeus não beneficiaram igualmente todos os membros da plebe. Os cargos públicos e os privilégios conquistados foram parar nas mãos de uma nobreza plebeia.
 Essas lutas sociais aconteceram ao mesmo tempo em que os romanos conquistavam as terras da Itália, dominando vários povos que viviam na península.
 Organização Econômica:
 No plano econômico, as conquistas favoreceram imensamente Roma, pois criaram condições para um grande desenvolvimento da manufatura e do comércio, além de exercer uma rigorosa dominação dos povos submetidos; todas as províncias eram obrigadas a pagar pesados tributos à capital do Império. Houve também o surgimento de uma nova camada de comerciantes e militares que enriqueceram: os “homens novos” ou cavaleiros. Essa nova camada, porém, tinha reduzida participação política no regime republicano, cujos cargos estavam nas mãos da aristocracia.
As conquistas romanas
 Durante o período republicano, em apenas três séculos (do IV ao II a.C.), Roma conquistou um grande império. Para isso foram necessárias várias guerras, durante as quais os romanos conseguiram organizar um exército nacional. 
 Dominada a península Itálica, Roma empreendeu a conquista da bacia do Mediterrâneo, começando por Cartago, sua poderosa rival por motivos econômicos.
 Cartago, antiga colônia fenícia (no norte da África), foi o primeiro alvo da política imperialista romana, pois era, sem dúvida, sua mais forte rival. Possuía uma ótima localização e dominava a região central do Mediterrâneo. Seu solo era bastante fértil e bem cultivado. Os cartagineses haviam alcançado alto grau de prosperidade e suas caravanas comerciais chegavam aos mais longínquos lugares do mundo conhecido. Para impor sua hegemonia comercial e militar na região do Mediterrâneo, os romanos precisavam enfrentar e derrotar Cartago.
 As guerras de Roma contra Cartago são chamadas de Guerras Púnicas. Motivo: os romanos chamavam os cartagineses de poeni (fenícios). De poeni deriva o adjetivo púnicas.
 As Guerras Púnicas desenvolveram-se em três grandes etapas durante o período de 264 a 146 a.C. Foram batalhas violentas até que finalmente, os romanos conseguiram arrasar Cartago em 146 a.C.
 Eliminada a rival, Roma abriu caminho para a dominação das regiões do Mediterrâneo ocidental (Península Ibérica, Gália) e do Mediterrâneo oriental (Macedônia, Grécia, Ásia Menor). O mar Mediterrâneo foi inteiramente controlado pelos romanos, que o chamavam de “Mare Nostrum” (nosso mar).  
 Ao mesmo tempo, Roma tinha sua atenção voltada para a região do Mediterrâneo Oriental. Para conquistá-la, os romanos empreenderam várias guerras contra os reinos helenísticos, que formaram-se com a desagregação do Império de Alexandre Magno.
 Resultados da conquista:
 As sucessivas conquistas provocaram, em Roma, grandes transformações sociais, econômicas, políticas e culturais.
 De 509 a.C. a 52 a.C., Roma conquistou quase todo o mundo conhecido na época.
 As consequências dessas conquistas foram o desenvolvimento do comércio com as colônias e o da economia monetária, com a descoberta de minas de ouro nas terras conquistadas. Houve ainda um aumento da mão de obra escrava, com a entrada em Roma de prisioneiros de guerra.
 Formou-se uma nova camada social de cavaleiros, conhecida como “Homens Novos”, que eram originários da classe dos plebeus e enriqueceram com os saques dos territórios conquistados, com o comércio e a cobrança de impostos.
 Os ricos nobres romanos, em geral pertencentes ao Senado, tornaram-se donos de grandes faixas de terra (latifúndios), cultivadas por numerosos escravos. Obrigados a servir no exército romano, muitos plebeus regressavam à Itália de tal modo empobrecidos que, para sobreviver, passavam a vender quase tudo o que possuíam inclusive suas pequenas propriedades agrícolas. Inúmeros camponeses plebeus emigraram para a cidade, onde engrossavam a massa de desocupados pobres e famintos.
  A crise da República
 O período compreendido entre os anos de 133 a.C. a 27 a.C. marcou o declínio da República romana. Destacam-se os seguintes acontecimentos: as reformas dos irmãos Graco, os governos de Mário e Sila e os triunviratos.  
 A reforma dos Graco 
 Os irmãos Tibério e Caio Graco, eleitos sucessivamente como tribunos da plebe, tentaram promover uma reforma social (133-122 a.C.), que tinha como objetivo melhorar as condições de vida da massa plebeia. Em 133 a.C., Tibério Graco conseguiu a aprovação de uma lei, que além de limitar o tamanho das terras dos aristocratas, autorizava a distribuição para os pobres daquilo que ultrapassasse o limite estabelecido. Essa lei desagradou profundamente os grandes proprietários de terras. Tibério e aproximadamente 500 de seus partidários foram assassinados.
 Em 123 a.C., Caio Graco retomou o projeto de reforma agrária. Ele queria conter o processo de extinção das pequenas propriedades rurais e o avanço do latifúndio. Para ganhar o apoio dos pobres, ele conseguiu que fosse abaixado o preço do trigo. Buscando a aliança com plebeus ricos, ele também almejava fortalecer as reformas.
 Caio Graco sofreu oposição dos grandes proprietários e suicidou-se. Seus seguidores foram perseguidos e muitos condenados à morte.
 Fracassadas as reformas sociais dos irmãos Graco, a situação política, econômica e social de Roma entrou num período de grande instabilidade. As instituições tradicionais foram questionadas pelo desespero popular e um clima de desordem e agitação foi tomando conta da vida das cidades. Diversos chefes militares entraram, sucessivamente, em luta pelo poder, até que Otávio, em 27 a.C., tornou-se imperador.
  Principais fases que marcaram a transição do período republicano até o estabelecimento do Império.
 Os governos de Mário e Sila
 Todo o século I a.C. decorreu em meio a lutas internas. Estas lutas afetaram a estrutura do Estado romano enfraquecendo as instituições republicanas. Tal transformação se deve à projeção que passaram a ter as figuras dos grandes militares: apoiados na força de suas legiões, eles tornaram-se árbitros das mais importantes questões políticas.
  Todos esses fatos eram sintomas que o regime republicano romano estava em crise, pois Roma vivia dias tensos de constante ameaça de uma guerra civil. Esses acontecimentos geraram um clima de instabilidade política e diversos militares passaram a disputar o poder político. Roma experimentou os governos militares e autoritários dos generais Mário, que defendia a camada popular, e Sila, que defendia a camada aristocrática.
  107 a.C.: o general Caio Mário eleito cônsul, reformou o exército, estabeleceu o pagamento de salários aos soldados, que levou à entrada de pessoas pobres no exército e diminuiu os privilégios da aristocracia.
  82 a.C.: o general Cornélio Sila, representando a nobreza, derrotou Caio Mário e instituiu um governo ditatorial. Sila perseguiu a classe popular e restabeleceu os privilégios da aristocracia.
  Em 79 a.C., Sila foi forçado a deixar o poder por causa do seu estilo antipopular de governo, pois a situação social estava incontrolável.
 Os triunviratos
 Em 70 a.C., o Império Romano lutava para abafar uma revolta de escravos liderada por Espártaco. Essa revolta somente foi vencida quando Crasso e Pompeu uniram seus exércitos. Como recompensa, os dois generais foram eleitos cônsules. Persistindo a inquietação em Roma e sucedendo-se várias revoltas nas províncias, criou-se um governo forte, o Primeiro Triunvirato (60 a.C.), com a participação de Pompeu, Crasso e Júlio César.
 A administração do Império Romano ficou assim distribuída: Pompeu ficou com Roma e o Ocidente; Crasso ficou com o Oriente; Júlio César ficou responsável pelas Gálias.
 Crasso foi assassinado na Síria, quando lá chegava para assumir o cargo de governador. Pompeu, apoiado pelo Senado e pela aristocracia, permaneceu em Roma. Logo, porém, entrou em choque com Júlio César, que estava com grande prestígio devido à conquista da Gália. Em dificuldades, Pompeu retirou-se com suas tropas para o Egito, onde foi assassinado.
 Com a morte de Pompeu, Júlio César (100-44 a.C.), foi aclamado ditador vitalício. Assumiu quase todos os poderes existentes em Roma. Foi cônsul, tribuno, sumo sacerdote e supremo comandante do exército. Promoveu uma reorganização político-administrativa em Roma, distribuiu terras entre os soldados, impulsionou a colonização das províncias romanas, construiu estradas e edifícios e reformulou o calendário. Durante seu governo, tentou limitar o poder do Senado e diminuir a escravidão; para isso, obrigou os grandes proprietários a contratarem um terço de seus trabalhadores entre os homens livres.
Júlio César conquistou a Gália, a Grã-Bretanha e o Egito em 52 a.C., completando a romanização do mundo antigo.
 As reformas de Júlio César enfraqueceram o poder da aristocracia. Por isso, diversos senadores, liderados por Cássio e Bruto, organizaram uma conspiração e o mataram a punhaladas, em pleno Senado, no dia 15 de março de 44 a.C. O assassinato de César provocou uma verdadeira revolta popular. Os conspiradores foram derrotados, formando-se um Segundo Triunvirato.
Segundo Triunvirato (43 a.C.): foi composto por Marco Antônio, Otávio e Lépido.  Lépido ficou com os territórios africanos, mas depois foi forçado a retirar-se da política, tornando-se Sumo Pontífice. Otávio ficou responsável pelos territórios ocidentais; e Marco Antônio assumiu o controle dos territórios do Oriente.
    Surgiu uma intensa rivalidade entre Marco Antônio (que se apaixonou pela rainha Cleópatra, do Egito) e Otávio. Proclamando ao Senado que Marco Antônio pretendia formar um império no Oriente, Otávio conseguiu o apoio dos romanos para derrotar Marco Antônio. Ao ser derrotado, Marco Antônio suicidou-se e Cleópatra fez o mesmo. O Egito, então, foi transformado em província romana. Assim, Otávio tornava-se o grande senhor absoluto em Roma e no Império.  Terminava assim a República e começava o Império Romano.


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

ROMA ANTIGA - MONARQUIA


HISTÓRIA DE ROMA ANTIGA

- A principal característica da história romana foi a sua expansão territorial. Roma foi o grande império da antiguidade. A história romana tem a seguinte periodização:
   -Monarquia - de 753 a.C. à 509 a.C.
   -República - de 509 a.C. à 27 a.C.
   -Império - de 27 a.C. à 476 d.C.
MONARQUIA
1. Localização: Península Itálica.
- Roma cresceu na margem esquerda do rio Tibre, portanto com acesso fácil ao mar Tirreno. O que facilitou a Roma desenvolver um promissor comércio marítimo.
A única cidade do mundo fundada entre sete colinas.
2. Origem
Mítica:
- É um período caracterizado pelas lendas. A própria fundação da cidade no ano de 753 a.C. está ligada à uma tradição: Enéias, que participou da guerra de Tróia, chega à Itália e funda uma cidade ­ALBA LONGA. Os gêmeos Rômulo e Remo, descendentes de Éneias, netos de Numitor, rei de Alba Longa, filhos de Reia e do deus Marte, foram abandonados pela mãe no rio Tibre, após Abílio, irmão do rei destrona-lo. Uma loba os amamenta. Foram recolhidos por um pastor que os educa e, mais tarde fundaram a cidade de Roma.
Histórica
- A civilização romana originou-se de um pequeno povoado localizado na porção central da Península Itálica. Cercados pelas cordilheiras e montanhas que cercavam a região, e contando com uma boa quantidade de terras férteis, Roma manteve um relativo isolamento durante seus primeiros anos de existência. Naquela região observamos a ocupação dos diferentes povos que originaram a civilização romana. 
Oriundos da região mediterrânea, os lígures ocuparam a porção norte da Península Itálica e são os mais antigos povos que se tem noticia naquela região. Ao longo do segundo milênio a.C. os arianos ou italiotas vieram da Europa central e dividiam-se nas tribos dos latinos, sabinos, équos, oscos, etruscos, úmbrios, volscos e samnitas. Na parte sul, os sículos e gregos fixaram alguns povoados e colônias. 
A presença desses vários povos ao longo da Península Itálica fez de Roma uma civilização bastante diversa. Entre todos os povos, os etruscos e latinos são considerados aqueles que mais fortemente influenciariam os traços da cultura romana. O intenso comércio praticado por esses povos viria a desenvolver economicamente as cidades da região centro-norte da Itália, onde temos a origem da cidade de Roma. 
3. Organização Política:
- A Monarquia ou Realeza foi a primeira forma de governo. Devido à ausência de documentos escritos sobre esse período, seu estudo é feito com base em pesquisas arqueológicas e nas interpretações de lendas. Este período abrange a fundação de Roma em meados do século VIII a.C., até o fim de período monárquico, com a deposição do último rei etrusco, Tarquínio O soberbo e consequentemente o estabelecimento da República.
- A sociedade neste período baseava-se nos genos (ou gens) que tinham como características a propriedade coletiva dos bens e o patriciado. De acordo com a tradição o conjunto de dez genos formava a Cúria Romana (organização social, com práticas religiosas próprias e militar). - - A reunião de 10 cúrias formava uma tribo – comandada por um chefe eleito, com funções religiosas e militares. Da integração das tribos formava-se o povo romano (populus).
- O crescimento populacional, a prosperidade econômica e a expansão territorial são fatores que explicam a desintegração da comunidade gentílica. Com o tempo as famílias mais fortes foram se apropriando das terras mais férteis, surgindo à propriedade privada e os proprietários de terras, que se tornaram a classe dominante em Roma, os patrícios.
Instituições Políticas
A organização política durante a Monarquia estava assim distribuída:
Senado
Conselho formado por representantes da aristocracia patrícia. As principais do Senado eram propor leis e fiscalizar a ação do rei, além de decidir sobre a paz e a guerra. Era o principal órgão legislativo e gozava de amplos poderes.
Rei
Não possuía poderes absolutos. Era fiscalizado pela Assembleia e pelo Senado. Exercia as funções militares, religiosas e judiciais. Era escolhido pelos chefes das grandes famílias patrícias.
Assembleia Curial (Comitiva Curiata)
Formada por todos os patrícios em idade militar, que votavam as leis propostas pelo senado.
Reis latinos e sabinos
Reis de origem etrusca (Tarquínios)
Sérvio Túlio (Mastarna em etrusco) (578 a.C. - 534 a.C.)
4. Organização Social:
- As famílias mais ricas formavam as gentes (sing. gens, clã) submetidas a autoridade de um pater-família; acreditavam descender de um ancestral comum. A partir do termo pater cunhou-se patrício, nome da camada social dominante em Roma. Esta camada ostentava maior número de rebanhos, terras e escravos, da mesma forma que a eles era legado o direito a exercer funções públicas, militares, religiosas, jurídicas e administrativas;[] por vezes apropriavam-se das ager publicus, terras que pertenciam ao governo. Abaixo dos patrícios estavam os clientes, classe constituída por plebeus, escravos libertos, estrangeiros ou filhos ilegítimos que associavam-se aos patrícios prestando-lhes diversos serviços em troca de auxílio econômico e proteção social. Quanto maior fosse o número de clientes sob proteção de um patrício, maior seu prestígio social e político.
- Os plebeus (de plebs, multidão) eram camponeses, pequenos agricultores, artesãos e comerciantes. No período monárquico os plebeus não possuíam direitos políticos embora estivessem sujeitos a carga tributária e a obrigações militares. Era proibido o casamento entre plebeus e patrícios para que, assim, não houvesse uma mistura de ambas as classes sociais. No limiar da pirâmide social romana estavam os escravos que eram vencidos de guerra ou plebeus endividados. No caso dos plebeus, a escravidão podia ocorrer de duas formas. A primeira ocorria quando uma família empobrecida vendia os seus próprios filhos, na condição de escravos. A segunda era como forma de pagamento de dívidas, ou seja, o devedor, impossibilitado de saldar suas dividas, podia se tornar escravo do credor. Eram vistos como instrumentos de trabalho, sendo considerados como propriedade de seu senhor, podendo ser vendidos, trocados, alugados ou castigados. Como escravo, a pessoa não detinha nenhum direito, como o de se casar, deslocar-se de um lugar para outro, participar das assembleias e tomar decisões. Durante a monarquia eram pouco numerosos.
- As mulheres romanas, as matronae, tinham direito de possuir propriedade, ser educadas e participar mais ativamente de atividades sociais, como os banquetes e campanhas eleitorais.
- A sociedade Romana durante a Monarquia dividia-se em grandes grupos: patrícios, plebeus, clientes e escravos. As diferenças entre as principais classes sociais patrícios e plebeus determinaram as lutas de classes durante a República Romana.
PATRÍCIOS - Classe dominante em Roma, nobres descendentes dos fundadores da cidade. Monopolizavam o poder político. Desempenhavam altas funções públicas e religiosas, desfrutavam de direitos políticos.
CLIENTES - Constituíam uma classe intermediária. Eram homens livres, geralmente estrangeiros que, para sobreviverem colocavam-se sob a proteção de uma família patrícia (patronato), prestando-lhe diversos serviços em troca de auxílio econômico e proteção social. É interessante observar que os laços de clientela eram considerados sagrados e indissolúveis, não podendo ser rompidos e possuíam caráter hereditário.
PLEBEUS - Formavam a maioria da população. A plebe era composta de artesãos , pequenos proprietários e comerciantes. Não possuíam direitos políticos, não podendo se casar com os patrícios, estando submetidos à grande exploração por parte dos patrícios vivendo sob contínua ameaça de escravização por dívidas.
ESCRAVOS - Constituía-se, sobretudo, por prisioneiros de guerra. Durante o período monárquico os escravos eram pouco numerosos. A escravidão só atingiu maiores proporções a partir da República devido as guerras de conquistas e expansão territorial. Os escravos eram utilizados em diversas atividades: serviços domésticos, secretários, professores, artesãos, etc. Durante a República o número de escravos chegou a ser quatro vezes maior do que o restante da população de Roma. Daí as rebeliões de escravos. Todavia, essas rebeliões fracassaram diante do poder do Estado. O fracasso das rebeliões pode ser explicado pela forma desigual de exploração da população escrava. "Havia, por exemplo, uma profunda diferença entre o grau de exploração de um escravo urbano, que trabalhava como secretário, e de um escravo rural, que sofria no penoso trabalho agrícola. Essas diferenças de condições de exploração tornavam a classe dos escravos bastante desigual quanto ao nível de disposição de lutar pela liberdade do grupo como um todo" Pode-se ainda destacar que a luta dos escravos possuía apenas um caráter de rebelião e não de revolução.
5. Organização Econômica
- A economia no período era baseada na agricultura e no pastoreio. A estrutura social era formada pelos patrícios, que eram os grandes proprietários; os clientes, que recebiam amparo e proteção dos patrícios e os plebeus, que ocupavam a base da sociedade: artesãos, comerciantes e pequenos proprietários.
6. Fim da Monarquia
- Tarquínio foi o último rei no período da monarquia de Roma. Ele ficou conhecido como o Soberbo, pois por causa do seu desejo de acabar com a influência que o Senado exercia sobre a vida política dos romanos, Tarquínio foi expulso de Roma. A partir deste momento, em que o último rei de Roma é expulso de sua própria cidade, inicia-se uma nova fase da Roma antiga: o fim da monarquia e o início da república.
Mas entre os períodos que marcam o fim da monarquia e o início da república romana aconteceram algumas mudanças na estrutura política. O rei, que era mais conhecido como monarca, começou a acumular poderes em vários aspectos da sociedade romana. Ele possuía agora controle sobre o poder judicial, executivo e ainda religioso. - Além disso, o rei de Roma recebia forte apoio do Senado. O Senado Romano também recebia o nome de Conselho de Anciãos, e possuía o boder legislativo e de veto. O rei era quem criava as leis, mas estas não seriam aprovadas sem antes passar pelo senado. Em outras palavras, era o senado que decidia se uma lei criada pelo rei seria aprovada ou não.