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Durante o período republicano,
Roma, em apenas três séculos (IV, III e II a.C), de uma pequena cidade
transformou-se no maior império da Antiguidade. Os romanos iniciaram suas
conquistas pela própria Península Itálica. No século III a.C., toda essa
região já havia sido dominada. Roma começa, então, uma série de guerras, que
culminam com a conquista de todas as terras que circundam o mar
Mediterrâneo.
Dois fatos importantes marcaram o
período republicano de Roma: a luta dos plebeus para conseguirem igualdade de
direitos com os patrícios e a formação do grande Império Romano, através das
conquistas militares.
O Poder na República
Romana
Com a instalação da República, os
patrícios romanos montaram toda uma organização social e administrativa para
exercer domínio sobre Roma e desfrutar os privilégios do poder. Eram eles que
controlavam a quase totalidade dos altos cargos da República.
Organização Política:
Consulado: composto por dois cônsules, que tinham
mandato de um ano e eram escolhidos pela Assembleia Centurial. Deveriam ser
patrícios e referendados pelo Senado. Desempenhavam as funções de chefes de
Estado.
Ditadura: na época de guerra, os cônsules eram
substituídos por um ditador. Os ditadores eram escolhidos para um mandato de
seis meses (sem renovação), com plenos poderes em caso de graves crises.
Senado: na República, continuou a ser o mais
importante poder de Roma. Formado pelos velhos patrícios com mandato
vitalício; era a base do poder aristocrático, responsável pela nomeação de
magistrados e embaixadores, controlava as finanças e decidia pela guerra.
Assembleia Centurial: era integrada pelos militares, agrupados em
centúrias (unidades do exército). Composto por patrícios e plebeus, votava as
leis que vigoravam em Roma, elegiam os censores, os cônsules e os pretores,
além de resolver as apelações de cidadãos contra as decisões dos magistrados.
As centúrias patrícias eram em número superior às centúrias plebeias.
Assembleia Curiata: cuidava dos assuntos religiosos, possuía
relativa importância na época monárquica, durante o período republicano
conservou somente funções honoríficas.
Além dos cônsules, a Assembleia
Centurial elegia vários magistrados, que, em geral, tinham mandato de um ano.
Os principais cargos da magistratura eram:
Pretores: administravam a justiça.
Censores: recenseavam a população pelo critério de
riqueza e zelavam pelas tradições.
Questores: administravam as finanças e cobravam os
impostos.
Edis: cuidavam da conservação da cidade.
Pontífice: chefiava os cultos religiosos.
Uma nova magistratura foi
instituída mais tarde, o Tribunato da Plebe, que surgiu no auge
dos conflitos sociais entre patrícios e plebeus. Representando os plebeus, os
tribunos conquistaram o direito de veto às decisões do Senado.
Organização Social:
No início da República, a sociedade
romana estava dividida em quatro agrupamentos sociais:
Patrícios (aristocracia rural) que
detinham todos os cargos políticos. Os clientes (não proprietários que, para
sobreviver, colocavam-se a serviço de um patrício), plebeus (camponeses,
comerciantes e artesãos), compunham a maioria da população. Não tinham
direito de participar das decisões políticas, entretanto, tinham deveres a
cumprir: lutar no exército, pagar pesados impostos etc. e os escravos.
A luta da plebe
A grande desigualdade de
direitos entre patrícios e plebeus provocou uma série de lutas sociais em
Roma. Que durou cerca de dois séculos.
A primeira revolta foi em 494
a.C., quando os plebeus ameaçaram fundar outra cidade, no Monte Sagrado. Para
retornar ao serviço militar romano, os plebeus fizeram várias exigências aos
patrícios. Por exemplo: deveria ser criado um Comício da Plebe, presidido por
um tribuno da plebe. A pessoa do tribuno da plebe seria inviolável. Ele teria
também poderes especiais para cancelar a aprovação de quaisquer decisões do
governo que prejudicassem os interesses da plebe. Em 470 a.C., os plebeus
conseguiram que os patrícios reconhecessem a autoridade dos tribunos da
plebe. Até aproximadamente 300 a.C., os plebeus continuaram sua luta e foram conquistando
direitos que lhes garantiam igualdade com os patrícios perante a lei.
Principais conquistas da plebe:
471 a.C. – criação do cargo de Tribuno da Plebe.
Composto por dois tribunos, cujas decisões eram tomadas visando à defesa dos
interesses da plebe. Os principais tribunos da plebe foram os irmãos Graco
(Tibério e Caio). Em vão procuraram solucionar a angustiosa situação da
classe baixa, dando-lhe terras para que pudesse produzir e viver
decentemente. Os dois, no entanto, foram perseguidos e mortos pelos
senadores, que eram os grandes latifundiários romanos.
450 a.C. – os plebeus conseguiram que fossem
elaboradas as primeiras leis escritas; foram as Leis das Doze Tábuas (leis
gravadas em pranchas de bronze);
445 a.C. – Lei Canuléia: permitia o casamento entre
patrícios e plebeus. Mas na prática só os plebeus ricos é que conseguiram
casar-se com patrícios.
366 a.C. – Lei Licínia: proibia a escravização por
dívida (muitos plebeus tornaram-se escravos dos patrícios por causa de
dívidas que não conseguiam pagar) e garantia direito à posse das terras
públicas nas regiões conquistadas;
362 a.C. – eleição dos magistrados plebeus. Os plebeus
foram conseguindo, lentamente, ter acesso às mais diversas magistraturas
romanas. Em 336 a.C. foi eleito o primeiro cônsul plebeu, que era a mais alta
magistratura.
286 a.C. – conseguiram que as leis aprovadas na
Assembleia da Plebe (plebiscito) fossem obrigatoriamente obedecidas por
todos.
As diversas conquistas dos plebeus
não beneficiaram igualmente todos os membros da plebe. Os cargos públicos e
os privilégios conquistados foram parar nas mãos de uma nobreza plebeia.
Essas lutas sociais
aconteceram ao mesmo tempo em que os romanos conquistavam as terras da
Itália, dominando vários povos que viviam na península.
Organização Econômica:
No plano econômico, as
conquistas favoreceram imensamente Roma, pois criaram condições para um
grande desenvolvimento da manufatura e do comércio, além de exercer uma
rigorosa dominação dos povos submetidos; todas as províncias eram obrigadas a
pagar pesados tributos à capital do Império. Houve também o surgimento de uma
nova camada de comerciantes e militares que enriqueceram: os “homens novos”
ou cavaleiros. Essa nova camada, porém, tinha reduzida participação política
no regime republicano, cujos cargos estavam nas mãos da aristocracia.
As conquistas romanas
Durante o período
republicano, em apenas três séculos (do IV ao II a.C.), Roma conquistou um
grande império. Para isso foram necessárias várias guerras, durante as quais
os romanos conseguiram organizar um exército nacional.
Dominada a península Itálica,
Roma empreendeu a conquista da bacia do Mediterrâneo, começando por Cartago,
sua poderosa rival por motivos econômicos.
Cartago, antiga colônia
fenícia (no norte da África), foi o primeiro alvo da política imperialista
romana, pois era, sem dúvida, sua mais forte rival. Possuía uma ótima
localização e dominava a região central do Mediterrâneo. Seu solo era
bastante fértil e bem cultivado. Os cartagineses haviam alcançado alto grau de
prosperidade e suas caravanas comerciais chegavam aos mais longínquos lugares
do mundo conhecido. Para impor sua hegemonia comercial e militar na região do
Mediterrâneo, os romanos precisavam enfrentar e derrotar Cartago.
As guerras de Roma contra
Cartago são chamadas de Guerras Púnicas. Motivo: os romanos chamavam os
cartagineses de poeni (fenícios). De poeni deriva o adjetivo púnicas.
As Guerras Púnicas
desenvolveram-se em três grandes etapas durante o período de 264 a 146 a.C.
Foram batalhas violentas até que finalmente, os romanos conseguiram arrasar
Cartago em 146 a.C.
Eliminada a rival, Roma abriu
caminho para a dominação das regiões do Mediterrâneo ocidental (Península
Ibérica, Gália) e do Mediterrâneo oriental (Macedônia, Grécia, Ásia Menor). O
mar Mediterrâneo foi inteiramente controlado pelos romanos, que o chamavam de
“Mare Nostrum” (nosso mar).
Ao mesmo tempo, Roma tinha
sua atenção voltada para a região do Mediterrâneo Oriental. Para
conquistá-la, os romanos empreenderam várias guerras contra os reinos
helenísticos, que formaram-se com a desagregação do Império de Alexandre
Magno.
Resultados da conquista:
As sucessivas conquistas
provocaram, em Roma, grandes transformações sociais, econômicas, políticas e
culturais.
De 509 a.C. a 52 a.C., Roma
conquistou quase todo o mundo conhecido na época.
As consequências dessas
conquistas foram o desenvolvimento do comércio com as colônias e o da
economia monetária, com a descoberta de minas de ouro nas terras
conquistadas. Houve ainda um aumento da mão de obra escrava, com a entrada em
Roma de prisioneiros de guerra.
Formou-se uma nova camada
social de cavaleiros, conhecida como “Homens Novos”, que eram originários da
classe dos plebeus e enriqueceram com os saques dos territórios conquistados,
com o comércio e a cobrança de impostos.
Os ricos nobres romanos, em
geral pertencentes ao Senado, tornaram-se donos de grandes faixas de terra
(latifúndios), cultivadas por numerosos escravos. Obrigados a servir no
exército romano, muitos plebeus regressavam à Itália de tal modo empobrecidos
que, para sobreviver, passavam a vender quase tudo o que possuíam inclusive
suas pequenas propriedades agrícolas. Inúmeros camponeses plebeus emigraram
para a cidade, onde engrossavam a massa de desocupados pobres e famintos.
A crise da República
O período compreendido entre
os anos de 133 a.C. a 27 a.C. marcou o declínio da República romana.
Destacam-se os seguintes acontecimentos: as reformas dos irmãos Graco, os
governos de Mário e Sila e os triunviratos.
A reforma dos Graco
Os irmãos Tibério e Caio
Graco, eleitos sucessivamente como tribunos da plebe, tentaram promover uma
reforma social (133-122 a.C.), que tinha como objetivo melhorar as condições
de vida da massa plebeia. Em 133 a.C., Tibério Graco conseguiu a aprovação de
uma lei, que além de limitar o tamanho das terras dos aristocratas,
autorizava a distribuição para os pobres daquilo que ultrapassasse o limite
estabelecido. Essa lei desagradou profundamente os grandes proprietários de
terras. Tibério e aproximadamente 500 de seus partidários foram assassinados.
Em 123 a.C., Caio Graco
retomou o projeto de reforma agrária. Ele queria conter o processo de
extinção das pequenas propriedades rurais e o avanço do latifúndio. Para
ganhar o apoio dos pobres, ele conseguiu que fosse abaixado o preço do trigo.
Buscando a aliança com plebeus ricos, ele também almejava fortalecer as
reformas.
Caio Graco sofreu oposição
dos grandes proprietários e suicidou-se. Seus seguidores foram perseguidos e
muitos condenados à morte.
Fracassadas as reformas
sociais dos irmãos Graco, a situação política, econômica e social de Roma
entrou num período de grande instabilidade. As instituições tradicionais
foram questionadas pelo desespero popular e um clima de desordem e agitação
foi tomando conta da vida das cidades. Diversos chefes militares entraram,
sucessivamente, em luta pelo poder, até que Otávio, em 27 a.C., tornou-se
imperador.
Principais fases que
marcaram a transição do período republicano até o estabelecimento do Império.
Os governos de Mário e Sila
Todo o século I a.C. decorreu
em meio a lutas internas. Estas lutas afetaram a estrutura do Estado romano
enfraquecendo as instituições republicanas. Tal transformação se deve à
projeção que passaram a ter as figuras dos grandes militares: apoiados na força
de suas legiões, eles tornaram-se árbitros das mais importantes questões
políticas.
Todos esses fatos eram
sintomas que o regime republicano romano estava em crise, pois Roma vivia
dias tensos de constante ameaça de uma guerra civil. Esses acontecimentos
geraram um clima de instabilidade política e diversos militares passaram a
disputar o poder político. Roma experimentou os governos militares e
autoritários dos generais Mário, que defendia a camada popular, e Sila, que
defendia a camada aristocrática.
107 a.C.: o general
Caio Mário eleito cônsul, reformou o exército, estabeleceu o pagamento de
salários aos soldados, que levou à entrada de pessoas pobres no exército e
diminuiu os privilégios da aristocracia.
82 a.C.: o general
Cornélio Sila, representando a nobreza, derrotou Caio Mário e instituiu um
governo ditatorial. Sila perseguiu a classe popular e restabeleceu os
privilégios da aristocracia.
Em 79 a.C., Sila foi
forçado a deixar o poder por causa do seu estilo antipopular de governo, pois
a situação social estava incontrolável.
Os triunviratos
Em 70 a.C., o Império Romano
lutava para abafar uma revolta de escravos liderada por Espártaco. Essa
revolta somente foi vencida quando Crasso e Pompeu uniram seus exércitos.
Como recompensa, os dois generais foram eleitos cônsules. Persistindo a
inquietação em Roma e sucedendo-se várias revoltas nas províncias, criou-se
um governo forte, o Primeiro Triunvirato (60 a.C.), com a
participação de Pompeu, Crasso e Júlio César.
A administração do Império
Romano ficou assim distribuída: Pompeu ficou com Roma e o Ocidente; Crasso
ficou com o Oriente; Júlio César ficou responsável pelas Gálias.
Crasso foi assassinado na
Síria, quando lá chegava para assumir o cargo de governador. Pompeu, apoiado
pelo Senado e pela aristocracia, permaneceu em Roma. Logo, porém, entrou em
choque com Júlio César, que estava com grande prestígio devido à conquista da
Gália. Em dificuldades, Pompeu retirou-se com suas tropas para o Egito, onde
foi assassinado.
Com a morte de Pompeu, Júlio
César (100-44 a.C.), foi aclamado ditador vitalício. Assumiu quase todos os
poderes existentes em Roma. Foi cônsul, tribuno, sumo sacerdote e supremo
comandante do exército. Promoveu uma reorganização político-administrativa em
Roma, distribuiu terras entre os soldados, impulsionou a colonização das
províncias romanas, construiu estradas e edifícios e reformulou o calendário.
Durante seu governo, tentou limitar o poder do Senado e diminuir a
escravidão; para isso, obrigou os grandes proprietários a contratarem um
terço de seus trabalhadores entre os homens livres.
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O Segundo Triunvirato (43
a.C.): foi composto por Marco Antônio, Otávio e Lépido. Lépido ficou
com os territórios africanos, mas depois foi forçado a retirar-se da
política, tornando-se Sumo Pontífice. Otávio ficou responsável pelos
territórios ocidentais; e Marco Antônio assumiu o controle dos territórios do
Oriente.
Surgiu uma
intensa rivalidade entre Marco Antônio (que se apaixonou pela rainha
Cleópatra, do Egito) e Otávio. Proclamando ao Senado que Marco Antônio
pretendia formar um império no Oriente, Otávio conseguiu o apoio dos romanos
para derrotar Marco Antônio. Ao ser derrotado, Marco Antônio suicidou-se e
Cleópatra fez o mesmo. O Egito, então, foi transformado em província romana.
Assim, Otávio tornava-se o grande senhor absoluto em Roma e no Império.
Terminava assim a República e começava o Império Romano.
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segunda-feira, 6 de agosto de 2012
Roma - Período Republicano.
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